Um estudo do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) revela que a fumaça proveniente de incêndios florestais pode causar danos à saúde mais severos do que outros poluentes. Publicado na revista The Lancet Planetary Health, o estudo analisou registros diários de mortalidade em 654 regiões de 32 países europeus, sugerindo que a mortalidade associada a esses incêndios pode ser subestimada em até 93%. A pesquisa destaca que as mudanças climáticas, que aumentam a frequência e intensidade dos incêndios, são uma das principais causas desse fenômeno.
Os pesquisadores descobriram que a exposição a partículas finas (PM 2,5) derivadas de incêndios florestais foi responsável por uma média de 535 mortes anuais, sendo 31 por doenças respiratórias e 184 por causas cardiovasculares. Para cada aumento de um micrograma por metro cúbico na concentração dessas partículas, a mortalidade geral aumentou em 0,7%. A pesquisa também aponta que o PM 2,5 proveniente de incêndios pode ser até dez vezes mais nocivo do que partículas de outras fontes, como emissões veiculares.
As diferenças regionais na mortalidade associada à fumaça foram notáveis, com países como Bulgária e Romênia sendo os mais afetados, enquanto Portugal e Espanha apresentaram associações menos significativas. Os pesquisadores sugerem que isso pode estar relacionado às estratégias regionais de gestão de incêndios, mas enfatizam a necessidade de mais estudos para entender essa variabilidade. O estudo ressalta a urgência de ações para enfrentar os impactos das mudanças climáticas na saúde pública.